Na minha trajetória prestando consultoria sobre o processo de remotização nas empresas e aplicando os princípios (de comunicação e gestão) internamente, com o meu próprio time, percebi que ainda existem alguns mitos sobre o trabalho remoto.
O mais complicado deles é ter que lidar com os preconceitos existentes, mesmo quando a percepção de alguns líderes se baseia em dados insuficientes ou é facilmente refutada por fatos, – ou lógica – comprovados.
Por isso, a ideia deste artigo é dar uma olhada em alguns dos mitos mais comuns do trabalho remoto e descobrir porque, felizmente, eles são, em sua maioria, infundados.
Vem comigo?
Mito 1: “Funcionários remotos não são produtivos”

Esse é um mito clássico.
Já tive a oportunidade de conversar com muitos gerentes e executivos que não confiam no sistema de trabalho remoto.
Eles se preocupam com os funcionários descansando na cama e assistindo séries da Netflix por conta da empresa.
Não vamos mentir – essa é uma possibilidade, e alguns funcionários raros (e tolos) podem decidir que essa é a abordagem correta.
Entretanto, felizmente, esse quase nunca é o resultado padrão em uma equipe ou empresa.
E não se engane – qualquer pessoa que usa o trabalho remoto como desculpa para relaxar provavelmente também não foi muito produtivo no escritório.
Exceções à parte, a maioria dos funcionários reconhece que o trabalho remoto é um privilégio que vem com uma série de benefícios – sem deslocamento, maior autonomia, ambiente de trabalho otimizado, etc.
Dessa forma, o interesse por fazer o trabalho remoto funcionar é um interesse mútuo.
Além disso, a maioria dos funcionários acha que eles são realmente mais produtivos quando estão no controle de seus dias.
Quando você corta o bate-papo do escritório, o tempo de deslocamento, reuniões desnecessárias e outras perdas de tempo, há mais horas no dia para o trabalho ininterrupto.
Além disso, de acordo com uma pesquisa recente da Fundação Dom Cabral, publicada pelo G1, 58% dos funcionários se considera mais produtivo trabalhando remotamente. Um aumento em relação à primeira pesquisa, na qual o índice chegou a 44%.
Mito 2: “Os sistemas de trabalho remoto são muito complicados ou caros”

Este é um mito que considero estar associado muito mais à relutância em aderir novas ferramentas de gestão do que a qualquer outra coisa.
E nada poderia estar mais longe da verdade. Os mais recentes sistemas de trabalho remoto são baseados em nuvem.
Os sistemas baseados em nuvem, como o Google Workspace não são apenas fáceis de implementar, mas também custam muito menos do que os sistemas tradicionais que dependem de hardware.
Eles podem ser acessados de qualquer dispositivo, de qualquer lugar e são fáceis de escalar para cima e para baixo, dando às organizações a flexibilidade de gerenciar perfeitamente o custo de suas operações em sincronia com a demanda de negócios.
Mito 3: Os trabalhadores remotos não podem aprender com outros colegas de trabalho

Aprender com outros colegas de trabalho faz parte do nosso crescimento profissional.
Mas e nas equipes remotas, será mesmo que o fato dos colaboradores não estarem presentes no mesmo ambiente físico impede ou dificulta o aprendizado?
Este é mais um dos mitos do trabalho remoto.
No meu caso, aplicativos como Google Meets, ou Zoom dão ao meu time a possibilidade de trocar informações e apresentar soluções para problemas comuns.
Em empresas maiores e com mais funcionários, encorajo a utilização do Slack.
Funciona assim: sempre que você precisar de ajuda com um projeto em andamento, existem canais técnicos (#java, #crm, #googleads, #wordpress e etc) com profissionais dispostos a tirar dúvidas e ajudar o colega a resolver um problema.
Ainda existem outras possibilidades, como conferências para discutir um livro, a gravação de tutoriais em vídeo e muito mais. Vai depender da realidade da sua empresa.
Logo, é perfeitamente possível aprender com o colega no trabalho remoto.
Mito 4: “Vou ter que monitorar os meus funcionários o tempo todo”

Na verdade, o modelo remoto de trabalho acaba tirando os gestores da sua zona de conforto.
Eu explico: é comum, no escritório, a tendência de microgerenciar tudo:
“Como está o relatório, já terminou?”
“Posso sentar aqui ao seu lado até você terminar o planejamento?”
Quando as empresas ou gerentes estão preocupados com a possibilidade de seus funcionários se aproveitarem do sistema remoto, eles sentem a necessidade de monitorá-los.
Existem dois possíveis caminhos que as empresas adotam para atingir esse objetivo:
Software de controle de tempo e Comunicação incessante.
O software de controle de tempo, a exemplo do Time Doctor, rastreia os computadores dos funcionários remotos para monitorar exatamente como eles estão gastando seu tempo.
A comunicação incessante é a outra alternativa.
Mas isso pode significar um gerente pedindo atualizações de hora em hora sobre o progresso de um funcionário e no que ele está trabalhando no momento.
Na verdade, trabalhadores remotos não precisam deste nível de monitoramento para serem produtivos trabalhando fora do escritório. A confiança é a base de tudo e ela deve ser estabelecida desde o momento da contratação.
Monitorar sua equipe é útil e necessário, sim, mas exagerar na supervisão não é.
Muitas pessoas que não têm certeza sobre o trabalho remoto assumem que os gerentes não podem gerenciar com eficácia sem estar no mesmo lugar que seus funcionários.
Sobre isso, tenho uma opinião: se um gerente é incapaz de gerenciar com eficácia funcionários remotos, ele ou ela provavelmente não está preparado para ser um gerente.
No final do dia, a gestão não significa ficar sobre os ombros da sua equipe e garantir que eles façam o que devem fazer.
Trata-se de apoiar suas necessidades e fornecer as ferramentas e feedback de que os seus colaboradores precisam para realizar seu trabalho com sucesso.
Logo, você não precisa estar no mesmo ambiente físico para cumprir essas obrigações.
É claro que há diferenças entre a gestão tradicional e a remota, mas assim como os funcionários, quem assume cargos de gerência precisa estar em constante aprendizado e a gestão remota deve estar no topo da sua lista.
Que caiam os mitos sobre o trabalho remoto!
Como podemos ver, o trabalho remoto está cercado de mitos – são ideias pré-estabelecidas que são difíceis de quebrar.
Mas se você quer sobreviver no mercado, é necessário quebrar alguns preconceitos, sair da zona de conforto e se especializar.
Afinal, o trabalho remoto não é mais uma tendência. Ele está acontecendo aqui e agora.